Pensatempo: EUA anuncia terceirização de morticínio por avião-robô

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

EUA anuncia terceirização de morticínio por avião-robô



Ampliação de frota de 230 para 960 drones exige “piloto” mercenário no comando de quatro joysticks, um para cada avião

O governo dos Estados Unidos anunciou a terceirização do morticínio por drones, os aviões-robô que vêm sendo usados para poupar a vida de soldados ianques, enquanto multiplicam os assassinatos em série e à maior distância possível das suas bases militares - como as do deserto de Nevada - e potencializam os lucros do cartel bélico.

Conforme informa Robert Johnson, no site Business Insider, o drone Predator que matou “acidentalmente” 15 civis afegãos em 2010 nem sequer era pilotado por um militar, mas por um mercenário. O “técnico” era empregado de uma das tantas empresas do complexo militar mais do que interessado em despejar bombas. Assim, não importa a quem nem a quantos os mísseis eventualmente venham atingir, pois sempre acertam em cheio o alvo: a maximização dos lucros. Com menos armas no estoque, o governo compra mais e o cofre privado ganha asas rumo ao infinito. Despejar bombas sobre o país dos outros, à custa do sangue alheio, fica sempre sendo um bom negócio.

A Força Aérea dos EUA possui atualmente 230 aviões-robô (drones) modelos Reaper, Predator e Global Hawks, mantendo a qualquer momento do dia ou da noite, 24 horas, todos os dias, pelo menos 50 deles no ar “em missão”. Para fazer frente à crescente resistência dos países e povos, a Força Aérea dos EUA anunciou que 730 novos drones serão incorporados nos próximos 10 anos, totalizando 960 aviões-robô para agredir nações soberanas. E tamanha expansão “ordenada pelo presidente Obama” vem criando uma demanda de pilotos que os militares não estão conseguindo cumprir. “Isso explica por que os ‘pilotos’ estão sendo obrigados a ‘pilotar’ quatro drones simultaneamente”, destaca Johnson.

Matéria de David S. Cloud no Los Angeles Times reconhece que nos Estados Unidos os militares vêm sendo substituídos por “pilotos” dos próprios conglomerados bélicos, que estão passando a ocupar todos os níveis de uma “corrente de matar”. São funcionários destas empresas privadas que analisam os vídeos enviados pelos drones quem muitas vezes tomam as decisões sobre a vida e a morte a partir do disparo dos mísseis Hellfire instalados nos aviões-robôs.

O esquema é altamente rentável para o cartel que patrocina as milionárias campanhas rumo à Casa Branca. Afinal, para pilotar à distância um drone é necessária uma equipe muito maior – e melhor paga - do que para pilotar presencialmente um jato F-15. Segundo a Força Aérea, são necessários 168 técnicos para manter no ar durante 24 horas um drone Predator; e 300 técnicos para fazer voar um drone Global Hawk pelo mesmo período.

Mas, mesmo munido de poderosos radares, câmeras de última geração e sensores infravermelhos, um destes aviões teleguiados foi capturado no dia 4 de dezembro – e sem nenhuma avaria - pelo exército iraniano, que após fazer a nave descer num campo de pouso a 250 quilômetros da fronteira com o Afeganistão, vem estudando os segredos militares da arma capaz de espionar dezenas de alvos ao mesmo tempo.

Pelo programa anunciado na semana passada – cada mercenário ianque será  responsável por “voar” quatro drones simultaneamente – um “piloto” no comando de quatro joysticks. Um para cada drone.

“Chegamos afinal à situação em que as corporações da indústria bélica estão, literalmente, com o dedo no gatilho, no comando de operações de guerra e disparando armas norte-americanas, em todo o mundo”, conclui Robert Johnson.

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