Monopólio
midiático quer continuar desrespeitando a lei e atentando contra a liberdade de
expressão
A Federação
Argentina de Trabalhadores da Imprensa (Fatpren) condenou nesta quarta-feira o
“lobby da mentira” orquestrado pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP)
– historicamente ligada à CIA e ao Departamento de Estado dos EUA - em favor do
grupo monopolista de mídia Clarín, que quer continuar desrespeitando a
legislação contra a democratização da comunicação.
Pela Lei de
Meios, nenhum conglomerado de comunicação pode ter mais do que 24 outorgas de
TV a cabo e 10 de rádio e televisão aberta. Mas o Grupo Clarín possui dez vezes
mais licenças de cabo do que o número autorizado pela Lei, além de quatro
canais de televisão, uma rádio FM, 10 rádios AM, e o jornal de maior tiragem do
país.
O fato,
destaca a Fatpren, é que frente à chegada da data estabelecida pela Corte
Suprema de Justiça [10 de dezembro] para que o Grupo Clarín cumpra efetivamente
com o disposto pela Lei de Serviços de Comunicação em matéria de adequação de
licenças, seus sócios empresários do continente se somam à estratégia de propor
que a legislação atenta contra a liberdade de expressão”. Com apoio da SIP,
denunciam os trabalhadores, “os operadores do grupo Clarín fazem lobby
internacional para construir a grande mentira de transformar as restrições à
sua posição dominante em restrições à imprensa”
Foi assim,
esclarece a Federação, que a SIP anunciou a "possibilidade de enviar uma
missão ao nosso país para dezembro". O informe anual publicado pela
entidade dos barões da mídia na última terça-feira (16) diz que “na Argentina a
presidenta segue sem dar coletivas de imprensa e abusa da cadeia
nacional". De acordo com a Fatpren, no informe, “não fazem referência
alguma, como era previsível, à inédita Liberdade de Expressão que reina no país
e permite que os meios publiquem o que desejem sem qualquer restrição”.
PORTA-VOZ
DAS DITADURAS
A “missão”
da SIP é de solidariedade patronal, alertam os trabalhadores, colocando o dedo
na ferida: “Seguramente, a missão que a SIP pode enviar à Argentina terá
características diferentes das que costumava ter quando vinha para condecorar
ditadores, clara definição de qual é a sua posição sobre a Liberdade de
Expressão: liberdade para que suas empresas possam aplicar, desde seus meios,
políticas de pressão sobre os governos para impor seus interesses, ao mesmo tempo
em que empobrecem os seus trabalhadores para domesticar o discurso”.
“A SIP,
organização empresarial tomada pela CIA e o Departamento de Estado dos Estados
Unidos durante a década de 50, soube outorgar a medalha ‘Prêmio das Américas’
ao ditador Pedro Eugenio Aramburu, líder da Revolução Fuziladora [que derrubou
o governo constitucional de Juan Domingo Perón em 16 de setembro de 1955]
enquanto centenas de jornalistas eram perseguidos, torturados e encarcerados.
Se a SIP se enfrenta ao Projeto Nacional e Popular, os trabalhadores de
imprensa sabemos, sem duvidar, qual é o nosso caminho”.
GRANDE
MENTIRA
Há 40 anos,
destaca a Fatpren, organizações como a Media Freedom Foundation/Project
Censored, vinculada à Universidade de Sonoma, na Califórnia, detalham “como a
censura e a autocensura estão muito mais presentes nos países centrais que na
nossa região, onde as patronais midiáticas a serviço das corporações econômicas
têm a possibilidade de mentir diariamente, sem limite algum, para defender seus
interesses antipopulares”.
Frente aos
desafios colocados pelo embate em defesa da verdade e a justiça, assegura a
entidade, “os trabalhadores de imprensa continuaremos batalhando a cada dia,
nas redações, nos espaços públicos, onde a realidade nos convoque, para alcançar
uma comunicação verdadeiramente democrática, plural, participativa e diversa, e
condições dignas de trabalho que nos permitam garantir ao povo seu devido
Direito à Informação”.
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