Pensatempo: "A CIA contra a Guatemala" e o mural de Diego Rivera

quinta-feira, 11 de junho de 2015

"A CIA contra a Guatemala" e o mural de Diego Rivera

Lanço no próximo dia 23 de junho, terça-feira, a partir das 18h30 na Martins Fontes, avenida Paulista, 509, meu novo livro “A CIA contra a Guatemala – Movimentos sociais, mídia e desinformação”, que traz artigos e reportagens sobre os crimes praticados pelo imperialismo no país centro americano. Ilustrada pelas belas fotografias de Joka Madruga e fortalecida com textos de Nim Sanik, Monica Fonseca Severo e Nicolas Honigesz, a publicação é fruto da minha convivência com revolucionários guatemaltecos durante um ano em Havana, de viagens a países vizinhos na América Central e de duas visitas recentes à Guatemala. Para compor a obra, escolhi dois poemas de Che Guevara e Pablo Neruda, ambos datados de 1954, ano em que a jovem democracia foi sangrentamente atacada em favor dos interesses da United Fruit Company, a Frutera, e deposto o presidente nacionalista Jacobo Árbenz.

Leonardo Wexell Severo


Pela sua relevância histórica, publico aqui a imagem da “Gloriosa Vitória”, mural do mexicano Diego Rivera, com a contribuição de sua jovem assistente guatemalteca Rina Lazo – que reproduzo no livro. No centro, uma bomba com a cara do presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, e o mercenário Castillo Armas - com uma bolsa de dinheiro - agradecendo servil ao secretário de Estado dos EUA, Foster Dulles. Também compõem o cenário Allan Dulles, diretor da CIA; o embaixador estadunidense na Guatemala, John Peurifoy, e o arcebispo Rossell y Arellano, abençoando os crimes dos agressores. (Os irmãos Dulles estiveram durante décadas na planilha de pagamento da United Fruit). À esquerda, aparecem os navios ianques carregados de bananas, enquanto os soldados observam a cena. À direita, a bananeira, o Palácio e a Catedral. O povo guatemalteco resistindo com homens, mulheres e crianças trucidados ou presos.
Reproduzo abaixo trechos publicados no https://informacionlibre2000.wordpress.com
“Conta a história que em 1953, na famosa Casa Azul do bairro de Coyoacán da capital do México onde viviam Diego e Frida, se celebrava a incipiente democracia que vivia a Guatemala com duas bandeiras sobre a porta: a mexicana e a guatemalteca. Os Rivera Kahlo viviam muito próximos deste processo por sua aberta militância de esquerda e por serem amigos de personalidades como Luis Cardoza y Aragón e Miguel Ángel Asturias (prêmio Nobel de Literatura e ministro do governo Árbenz). De fato, na oportunidade a assistente de Rivera era a jovem guatemalteca Rina Lazo, quem o acompanhou em seu trabalho por cerca de uma década e pôs suas pinceladas em obras célebres como Sonho de um passeio dominical pela alameda central, o mural de cárcamo do Rio Lerma ou o que adorna o Estádio Olímpico Universitário.
Passou o tempo e, em 1954, a Guatemala foi agredida. Este fato comoveu ao casal de pintores mexicanos. Tanto que decidiram organizar uma grande marcha contra o golpe. É conhecida a foto de Frida na que aparece, poucos dias antes de morrer, em sua cadeira de rodas e acompanhada de seu marido levantando sua voz contra este nefasto capítulo de nossa história. Segundo Juan Coronel Rivera, neto de Diego e curador da Epopeia Mural, e fato que impulsionou que o famoso muralista mexicano decidisse pintar a Gloriosa Vitória foi uma carta enviada por Miguel Ángel Asturias, que rogou que se manifestasse em favor de seus irmãos guatemaltecos, pintando algo que denunciasse este fato.

Assim, pouco tempo depois da morte de Frida, Diego em seu luto, decide fazê-lo. Chamou a Rina, que se encontrava na Guatemala pintando o mural Tierra fértil no Clube Italiano, para que reunisse o material fotográfico, recortes de jornais e tudo o que lhe pudesse ser útil para o novo trabalho. Dias depois se encontraram no México, no famoso estúdio de San Ángel, e assim começou o caminho da Gloriosa Vitória. Em pouco mais de três meses completaram o mural”.

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