Lanço no próximo dia 23 de junho, terça-feira, a partir das 18h30 na Martins
Fontes, avenida Paulista, 509, meu novo livro “A CIA contra a Guatemala – Movimentos sociais,
mídia e desinformação”, que traz artigos e reportagens sobre os crimes
praticados pelo imperialismo no país centro americano. Ilustrada pelas belas fotografias de Joka Madruga e fortalecida com textos de Nim Sanik, Monica Fonseca Severo e Nicolas Honigesz, a publicação é fruto da minha convivência com revolucionários guatemaltecos durante um ano em Havana, de
viagens a países vizinhos na América Central e de duas visitas recentes à Guatemala. Para
compor a obra, escolhi dois poemas de Che Guevara e Pablo Neruda, ambos datados
de 1954, ano em que a jovem democracia foi sangrentamente atacada em favor dos
interesses da United Fruit Company, a Frutera, e deposto o presidente
nacionalista Jacobo Árbenz.
Leonardo Wexell Severo
Pela sua relevância histórica, publico
aqui a imagem da “Gloriosa Vitória”, mural do mexicano Diego Rivera, com a
contribuição de sua jovem assistente guatemalteca Rina Lazo – que reproduzo no
livro. No centro, uma bomba com a cara do presidente dos Estados Unidos, Dwight
Eisenhower, e o mercenário Castillo Armas - com uma bolsa de dinheiro -
agradecendo servil ao secretário de Estado dos EUA, Foster Dulles. Também
compõem o cenário Allan Dulles, diretor da CIA; o embaixador estadunidense na
Guatemala, John Peurifoy, e o arcebispo Rossell y Arellano, abençoando os
crimes dos agressores. (Os irmãos Dulles estiveram durante décadas na planilha
de pagamento da United Fruit). À esquerda, aparecem os navios ianques
carregados de bananas, enquanto os soldados observam a cena. À direita, a
bananeira, o Palácio e a Catedral. O povo guatemalteco resistindo com homens,
mulheres e crianças trucidados ou presos.
Reproduzo abaixo trechos publicados
no https://informacionlibre2000.wordpress.com
“Conta a história que em 1953, na
famosa Casa Azul do bairro de Coyoacán da capital do México onde viviam Diego e
Frida, se celebrava a incipiente democracia que vivia a Guatemala com duas
bandeiras sobre a porta: a mexicana e a guatemalteca. Os Rivera Kahlo viviam
muito próximos deste processo por sua aberta militância de esquerda e por serem
amigos de personalidades como Luis Cardoza y Aragón e Miguel Ángel Asturias
(prêmio Nobel de Literatura e ministro do governo Árbenz). De fato, na
oportunidade a assistente de Rivera era a jovem guatemalteca Rina Lazo, quem o
acompanhou em seu trabalho por cerca de uma década e pôs suas pinceladas em
obras célebres como Sonho de um passeio dominical pela alameda central, o mural
de cárcamo do Rio Lerma ou o que adorna o Estádio Olímpico Universitário.
Passou o tempo e, em 1954, a Guatemala
foi agredida. Este fato comoveu ao casal de pintores mexicanos. Tanto que
decidiram organizar uma grande marcha contra o golpe. É conhecida a foto de
Frida na que aparece, poucos dias antes de morrer, em sua cadeira de rodas e
acompanhada de seu marido levantando sua voz contra este nefasto capítulo de nossa
história. Segundo Juan Coronel Rivera, neto de Diego e curador da Epopeia
Mural, e fato que impulsionou que o famoso muralista mexicano decidisse pintar a
Gloriosa Vitória foi uma carta enviada por Miguel Ángel Asturias, que rogou que
se manifestasse em favor de seus irmãos guatemaltecos, pintando algo que
denunciasse este fato.
Assim, pouco tempo depois da morte
de Frida, Diego em seu luto, decide fazê-lo. Chamou a Rina, que se encontrava na
Guatemala pintando o mural Tierra fértil no Clube Italiano, para que reunisse o
material fotográfico, recortes de jornais e tudo o que lhe pudesse ser útil
para o novo trabalho. Dias depois se encontraram no México, no famoso estúdio
de San Ángel, e assim começou o caminho da Gloriosa Vitória. Em pouco mais de três
meses completaram o mural”.
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